Histórico

O Mestrado Profissional em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos da Universidade Federal da Bahia (MP-CECRE UFBA) é um curso gratuito, bianual, com a duração de dois anos (quatro semestres, sendo os três primeiros necessariamente presenciais), voltado, exclusivamente, a arquitetos e engenheiros civis. Acolhe alunos brasileiros e estrangeiros legalmente residentes no país – mas também discentes (sem residência no Brasil) provenientes de toda América Latina, África de língua portuguesa e Portugal, desde que sejam aprovados no processo seletivo e tenham disposição para frequentar o curso em toda a sua fase presencial.

Foi aprovado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) no final de 2009, tendo sua primeira edição se iniciado em 2010, dentro do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU UFBA).

O MP-CECRE aproveitou grande parte da experiência precedente do Curso de Especialização em Conservação e Restauração de Monumentos e Sítios Históricos (CECRE), que foi promovido bienalmente pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAUFBA) por cerca de 30 anos – depois de ter sido acolhido definitivamente pela instituição na sua quarta versão (as três primeiras turmas foram itinerantes, sendo que a inicial remonta ao ano de 1974, e foi oferecida na cidade de São Paulo). Ao ser reconhecido como Mestrado Profissional, remodelou e ampliou a formação de qualidade do curso de especialização, contando com um maior aprofundamento das questões teóricas e práticas, visando colocar no mercado novos mestres ainda mais qualificados para atuar no campo da preservação do patrimônio arquitetônico e urbanístico, sem dúvida, uma área fundamental dentre as políticas públicas contemporâneas.

O CECRE foi criado na década de 1970, por convênios celebrados entre a Secretaria de Cultura do MEC – Subsecretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Fundação Pró-Memória e diversas universidades brasileiras. A partir de sua quarta versão realizada em Salvador em 1981-1982, tornou-se um curso de alcance internacional, passando a contar também com a participação de alunos e consultores estrangeiros. Tendo em vista o sucesso desta versão – as primeiras aconteceram em São Paulo (1974), Recife (1976) e Belo Horizonte (1978) – e atendendo a recomendações das demais instituições conveniadas, o curso passou a ter sede fixa na Universidade Federal da Bahia, através da sua Faculdade de Arquitetura e do Centro de Estudos da Arquitetura da Bahia (CEAB) – núcleo de pesquisa e extensão, cuja sede acolheria institucionalmente, fisicamente e academicamente o curso (que até hoje funciona em seu prédio), vindo a se confundir com o próprio CECRE. 

 

Lista de presença da primeira turma do CECRE, oferecida em São Paulo – 1974 (então Curso de Restauração e Conservação de Monumentos e Conjuntos Históricos). Destacam-se algumas célebres personalidades da história, da teoria e da prática da arquitetura e do urbanismo no Brasil, bem como da conservação e da restauração do patrimônio edificado e urbano: Benedito de Lima Toledo, Carlos Alberto Cerqueira Lemos, Geraldo Gomes da Silva, José La Pastina Filho, Murillo Marx, Roberto de La Roque Soares, Sylvia Ficher, Theresa Katinszky.

 

Fotografia da turma do IV CECRE (a primeira oferecida na cidade de Salvador), destacando-se a presença de Eugênio de Ávila Lins (primeiro, abaixo, à esquerda), Márcia Genésia de Sant’Anna (quarta abaixo, da direta para a esquerda), Jussara Valentini (primeira, abaixo, à direita), Dalmo Vieira Filho (primeiro, acima, à direita), Ana Lucia Goelzer Meira (terceira, acima, da direita para a esquerda), Francisco Soares Senna (segundo, acima, da direita para a esquerda), Luiz Antonio Fernandes Cardoso (quinto, acima, da direita para a esquerda).

 

Identificação da foto acima.

 

A partir de 1990, passou a ser considerado, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), um dos mais importantes programas mundiais para a capacitação de técnicos da área de preservação de bens culturais, ápice de uma trajetória de crescimento e de reconhecimento do curso no âmbito nacional e internacional. Em suas 15 edições como curso de especialização (contando com as versões de São Paulo, Belo Horizonte, Recife) tornou-se o mais completo programa de qualificação de especialistas em conservação e restauração de monumentos e conjuntos de interesse cultural existente na América Latina, tendo formado profissionais capacitados na área e que hoje atuam em diversas partes do continente.

Para isso, o CECRE contava com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), através do Ministério da Cultura (MinC), e da UNESCO – instituições que garantiam a vinda de inúmeros professores espertos na área da conservação e da restauração, oriundos de outros estados do Brasil e de outros países, bem como financiavam a viagem de estudos de 15 dias, assistida por vários professores, para as cidades históricas de Minas Gerais.

Na mesma direção, a própria CAPES contribuía com o curso, oferecendo bolsas de estudo para todos os alunos brasileiros até o ano de 2002 – quando acontecera a sua décima segunda versão. Até o final do milênio, o grande contingente dos alunos estrangeiros que acorreram ao curso em grande parte das versões (10 dos 30 estudantes que compunham o quadro discente) recebiam bolsa, passagens e auxílio moradia da UNESCO.

Logo, a inserção do CECRE em Salvador e sua acolhida pela Universidade Federal da Bahia foi de tal sucesso e envergadura que, já em 1983, o Curso de Especialização em Conservação e Restauração daria origem – em conjunto com o Curso de Especialização em Planejamento Urbano e Regional (CEPUR) – ao Mestrado Acadêmico em Arquitetura e Urbanismo (MAU UFBA), embrião do atual Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU UFBA) – programa de grande referência para a área de Arquitetura, Urbanismo e Design no Brasil, tendo sido o segundo doutorado na área no país e sempre com avaliações muito positivas pela CAPES.

Em 2009 o caminho se inverteu e o PPGAU passou a abrigá-lo academicamente, desenvolvendo o projeto para a transformação do CECRE em mestrado profissional, seguindo um caminho praticamente inevitável face ao formato que o curso absorvia desde que veio para a Bahia.

Uma grande herança positiva que o curso de especialização deixou – e que prossegue na sua formação recente no formato stricto sensu – está relacionada aos seus ex-alunos, que hoje ocupam posições de destaque em diversas organizações oficiais ligadas ao ensino, à pesquisa e às políticas de preservação dos bens culturais, no Brasil e no exterior. Muitos deles atuam como professores e pesquisadores em importantes universidades brasileiras e, principalmente, como técnicos em instituições da área cultural.

Uma grande porcentagem dos egressos trabalha (ou trabalhou) como técnico nas superintendências regionais do IPHAN, em diversos estados, assumindo, inclusive, postos de chefia; nos órgãos estaduais vinculados à salvaguarda do patrimônio cultural; nas instituições latino-americanas, africanas lusófonas e portuguesas que tratam da preservação da herança cultural edificada.

Outros egressos atuam diretamente na elaboração de cadastros, diagnósticos e projetos de restauração, bem como em acompanhamento de obras, fiscalização, consultoria, na elaboração de planos e legislação urbanística de proteção do patrimônio – apoiando escritórios e construtoras particulares – muitas vezes sob sua própria coordenação.

Estes egressos vêm colaborando com o MP-CECRE, trazendo para os novos estudantes suas experiências profissionais, seja como convidados, seja como consultores nos ateliês do curso.

A abrangência geográfica da formação do curso de especialização e do mestrado profissional impressiona, sendo um de seus dos diferenciais. Os estudantes baianos nunca são mais que 25% do contingente total, mostrando o alcance que a qualidade de formação que ainda guarda para o público brasileiro e estrangeiro.

Neste sentido, o contingente de alunos e ex-alunos brasileiros do CECRE e do MP-CECRE abrange os mais diversos estados: Alagoas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins.

Também os alunos estrangeiros formados pelo CECRE (bolsistas da UNESCO), e agora pelo MP-CECRE (muitos bolsistas do IPHAN e da FAPESB), configuram uma parcela cada vez maior de profissionais atuantes em países latino-americanos, africanos de língua portuguesa, além de Portugal e Itália. Já participaram do curso, técnicos de Angola, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Colômbia, Cuba, Costa do Marfim, Costa Rica, El Salvador, Equador, França, Itália, Haiti, Paraguai, México, Moçambique, Nicarágua, Portugal, Peru, República Dominicana, São Tomé e Príncipe, Uruguai, Venezuela.

Por tudo isso, registra-se que a Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia se consolidou como um centro de excelência na produção do conhecimento no campo da preservação de bens culturais em diversos níveis, destacando-se os trabalhos aí desenvolvidos através do Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia (CEAB) – núcleo que acolheu o CECRE por quase trinta anos, e agora acolhe o mestrado profissional –, do Laboratório de Conforto Ambiental e Tecnologias Sustentáveis em Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (LACAM), do Laboratório de Estudos Avançados em Cidade, Arquitetura e Tecnologias Digitais (LCAD), do Núcleo de Tecnologia da Preservação e do Restauro (NTPR), do Núcleo de História Urbana (NHU), do Núcleo de Requalificação Urbana e Projetos (RUP) e do Núcleo de Documentação e Conservação da Arquitetura e Urbanismo do Movimento Moderno (DOCOMOMO BA), além das atividades relacionadas à Escola Oficina de Salvador.

No que se refere ao formato do curso de especialização lato sensu, o CECRE já possuía carga horária, estrutura curricular e trabalho final compatíveis com as regras do Mestrado Profissional, de acordo com a Portaria 080, de 16 de dezembro de 1998 (CAPES, 1998), que dispõe sobre o reconhecimento dos mestrados profissionais e dá outras providências. O trabalho final já era desenvolvido com base em método científico, apontando para um curso de formato stricto sensu. Por isso, a “promoção” do curso à categoria de mestrado profissional foi natural e inquestionável. 

Por isso, a “promoção” do curso à categoria de mestrado profissional foi natural e inquestionável, tendo nascido com a nota 5, nota máxima para a categoria de mestrados profissionais pela CAPES – grau que baixou para 4 na última avaliação trienal por conta de diversos problemas.

Esses problemas, expostos com muita clareza e pertinência no relatório produzido pela comissão de avaliação, foram amplamente debatidos durante o último o quadriênio. Um trabalho árduo e incansável foi praticado em nome da resolução das questões levantadas pela CAPES, mas também em prol da resolução de outros tantos entraves identificados pela coordenação e pelo colegiado, limitações detectadas especialmente na dificuldade de adaptação do antigo curso de especialização a um formato Stricto Sensu.

Este esforço de contemplação dos problemas amplamente reconhecidos e pela busca por soluções satisfatórias que deveriam propor um salta qualitativo para o mestrado profissional, foi perseguido a partir de início de 2014.

Segue a descrição das mais importantes ações empreendidas em nome da busca pela identidade e qualidade do mestrado profissional, considerando a sua nova formação Stricto Sensu

  1. Num primeiro momento, nossa atitude foi a de pedir ajuda à CAPES para o esclarecimento das principais questões que afetaram a avaliação do curso, bem como para debater e apoiar propostas de revisão de diversos aspectos do curso. Neste sentido, a pedido nosso, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG UFBA) patrocinou a vinda de um consultor para debater os problemas e buscar soluções conjuntas. Convidamos o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Wilson Kindlein Júnior – na época, Coordenador Adjunto da Área de Arquitetura, Urbanismo e Design para Mestrados Profissionais, e um dos avaliadores do curso no último triênio. Ele se juntou a nós durante dois dias em julho de 2014 para conhecer a estrutura e o funcionamento do MP-CECRE e para nos assessorar no processo de mudança. A partir da consultoria do Professor Wilson Kindlein montamos e desenvolvemos um plano de ação que proporcionou, até o final do ano de 2016, um grande impulso de qualificação e visibilidade para o mestrado profissional. O MP-CECRE finalmente encontrou seu formato Stricto Sensu, não deixando de sublinhar seu objetivo de formação prática de arquitetos e engenheiros civis para o exercício profissional da conservação e restauração de edifícios e sítios históricos de interesse cultural.
  1. A primeira grande reviravolta remontaria ainda ao ano de 2013, apesar de que as consequências só foram sentidas no ano subsequente: foi assinado um termo de cooperação técnico e científico com o Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Termo de Cooperação UFBA-IPHAN) que abriu possibilidades de intensificar a parceria com o MP-CECRE para ampliar o desenvolvimento de pesquisas de interesse comum, assim como de outras atividades de ensino. Foi empreendida uma negociação para promoção conjunta com o Centro Lúcio Costa – também do IPHAN – de um programa de bolsas para alunos hispano-americanos e africanos, de língua portuguesa, interessados em cursar o MP-CECRE.
  1. O resultado deste empreendimento foi o repasse de uma verba de R$ 100.000,00 para o mestrado profissional em julho de 2014, recuperando um financiamento mais efetivo que o curso recebia do IPHAN e da UNESCO até o início do milênio. Para a terceira turma do mestrado profissional, a descentralização de crédito permitiu recuperar o corpo discente internacional do MP-CECRE, oferendo bolsas de estudos para quatro estudantes da América Latina – escopo consonante aos objetivos do IPHAN e do Centro Lúcio Costa. É bom reforçar que no auge do curso de especialização, na década de 1990, as turmas eram formadas por trinta alunos, sendo dez estrangeiros – bolsistas da UNESCO. Para o mestrado profissional, com turmas de no máximo vinte alunos, o contingente de estrangeiros, não residentes no Brasil, não poderia passar de quatro por entrada, já que a PROPG só permite a inclusão de 20% de discentes de fora do país para cursos Stricto Sensu. Ou seja, o número máximo de estudantes estrangeiros coincidiu com a cota de bolsas oferecida pelo IPHAN.
  1. Por outro lado, com os recursos do IPHAN, além dos docentes locais, o curso pode reconstruir a forte tradição da participação de professores visitantes e consultores não vinculados à Universidade Federal da Bahia e que não residem em Salvador, profissionais renomadas da área da Salvaguarda do Patrimônio Cultural e expertos em Conservação e Restauração do Patrimônio Edificado e Urbano vindos de outras partes do Brasil e de outros países. Assim, passamos a contar com professores visitantes brasileiros oriundos de Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Minas Gerais (e recentemente de São Paulo) – e professores visitantes estrangeiros – três da Itália, um da França e, em 2016, um de Portugal –, todos profissionais renomados no exercício prático da conservação e restauração de monumentos e conjuntos urbanos de interesse cultural, que têm vindo para o MP-CECRE contribuir com cursos ou participação em disciplinas com pelo menos 17 horas de carga horária (um crédito).   
  1. Para além disso, o montante repassado permitiu que entre os dias 05 e 11 de outubro de 2014, todos os alunos do mestrado profissional, assim como dois de seus professores (o coordenador e a coordenadora acadêmica, respectivamente), fizessem uma viagem de estudos como cumprimento de uma das atividades dos Ateliês de Projeto, oferecida no segundo semestre de 2014. O objetivo desta viagem foi a avaliação direta de diversos exemplos de intervenção arquitetônica e urbanística (em obra ou concluídos) na cidade do Rio de Janeiro e em Niterói, além de nos colocarmos em contato com o Centro Lucio Costa, com a Casa Rui Barbosa e com o Escritório Regional do IPHAN.
  1. Ou seja, não é mensurável a importância que estes recursos injetados pelo IPHAN tiveram para consolidar a estrutura acadêmica e o ensino do novo mestrado profissional. A ideia era tornar este financiamento regular, abrindo, inclusive, possibilidades de ampliação da quantidade de recursos investidos. É importante lembrar que os MPs não contam com o Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP). Para a quarta versão do curso, iniciada em julho de 2016, as negociações com o IPHAN foram abertas, com o compromisso assumido pela própria presidente da instituição de nos apoiar no ano de 2017 – apesar dos trâmites esbarrarem na atual crise econômica e institucional do país.
  1. Não obstante, no início de 2017 firmamos nova parceria com o IPHAN para promover "Jornadas de Patrimônio" de uma semana, no Rio de Janeiro e em Salvador, com palestras e minicursos com grandes mestres estrangeiros no ensino e na prática de intervenção arquitetônicas que afetam o patrimônio edificado e urbano de interesse cultural. O MP-CECRE ficou na incumbência de indicar os nomes dos professores convidados a contribuírem com essas jornadas. Já o IPHAN, através do Centro Lúcio Costa e do PEP (Mestrado Profissional em Preservação do Patrimônio Cultural), patrocinará as passagens, seis diárias para cobrir as despesas no Brasil – e um pro-labore no valor de U$ 1500,00.No Rio de Janeiro, as jornadas técnicas têm a duração de um dia, com a participação de professores brasileiros e estrangeiros e estão articuladas com o Mestrado Profissional do IPHAN (PEP-MP). São especialmente voltadas para os servidores do IPHAN, mas podem também contar com outros participantes, e visam contribuir para melhorar suas habilidades para a atuação no campo da preservação do patrimônio cultural. Considerando a parceria entre IPHAN e CECRE, foram organizando 4 jornadas (uma em junho, uma em julho e duas em agosto de 2017, sempre em um mesmo dia da semana) com apresentações dos professores estrangeiros na parte da manhã e dos brasileiros na parte da tarde convidados para apresentar casos que espelhem procedimentos e conceitos representativos dos problemas enfrentados no Brasil. As apresentações dos estrangeiros estão ocorrendo nas dependências do Centro Lucio Costa/DAF-IPHAN, na cidade do Rio de Janeiro, com transmissão por videoconferência para todas as superintendências do IPHAN, onde se encontra a maioria do público alvo dessas jornadas e que por nossas limitações orçamentárias não podem participar presencialmente das Jornadas. No caso da participação dos professores estrangeiros no MP-CECRE, estão sendo cursos intensivos de pelo menos 16 horas de duração, distribuídos em três dias, vinculados preferencialmente à área de projeto, tecnologia ou gestão da conservação e do restauro – a combinar com o professor (cursos também abertos ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFBA). O professor também apoia o Ateliê de Projeto III: Projeto de Intervenção em Edifícios, Conjuntos e Sítios Históricos, em pelo menos um turno de orientações dos Trabalhos Finais dos alunos do MP-CECRE.
  1. Felizmente, também no que se refere à conquista de recursos, fomos selecionados, em 2015, pelo Edital 025 / 2014, “Apoio a Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrados Profissionais”, um edital inovador criado pela FAPESB. O “Termo de Outorga”, relativo ao repasse de R$ 74.930,00 (o teto era R$ 75.000,00) foi assinado em julho de 2016. Já foi feito a transferência de recursos da primeira parcela, o que permitiu a acolhida de quatro professores visitantes brasileiros no último ano do quadriênio. A segunda parcela, bem mais substanciosa, será depositada em 2017 ou 2018, e está direcionado a apoiar a vinda de mais professores visitantes brasileiros, além de estrangeiros – mas, especialmente, a viagem de estudos de uma semana ao Rio de Janeiro no ano de 2017. Ou seja, a parcial dependência financeira em relação ao IPHAN – um dos problemas que foram apontados nas discussões de julho de 2014 – foi, pelo menos momentaneamente, superada com o advento dos recursos da FAPESB.
  1. No que se refere às bolsas de estudo, cabe registrar que a edição de 2014 contou com uma cota de doze bolsas para os treze alunos que o frequentaram. Na verdade, conseguimos incialmente da FAPESB nove bolsas – oito para alunos brasileiros e uma bolsa para uma aluna estrangeira – e mais três bolsas para estrangeiros oferecidas pelo IPHAN. Como as bolsas do IPHAN só contaram com 12 meses de duração, os alunos estrangeiros foram contemplados com mais três bolsas da FAPESB para a finalização do curso – após o encerramento do auxílio do IPHAN. O único aluno que não possuiu auxílio não o teve porque tinha vínculo empregatício e licença remunerada. Este é outro salto importante que se configurou para a terceira edição do curso: até então, não havia muitas perspectivas de bolsas – lembrando que nem a CAPES nem o CNPQ oferecem este tipo de auxílio a mestrados profissionais: na primeira edição do curso não contamos com nenhuma bolsa, e na segunda, conseguimos quatro bolsas da FAPESB para seis alunos concluintes. Para a edição atual (entrada em 2016), com a turma cheia (20 alunos), já conseguimos bolsas da FAPESB para 16 aunos - só quatro ainda não tendo sido contemplados. 
  1. Outra grande conquista das reformulações dos últimos três anos se deu com o aumento exponencial da inscrição de candidatos para a seleção, discentes que entraram no curso com uma qualificação muito melhor. Em julho de 2010, foi aberta a primeira turma com 12 alunos (desses, 09 concluíram sua titulação em outubro de 2011); em março de 2012 entraram apenas oito alunos, sendo que seis concluíram o curso em julho de 2013. O curso ampliou discretamente o seu número de discentes no ano de 2014, quando entraram 13 alunos – sendo quatro estrangeiros, recuperando uma das mais importantes características do curso que era a formação de profissionais latino-americanos, africanos e portugueses (oito concluíram). A grande reviravolta se deu na última seleção, para a quarta turma (que se iniciou em julho de 2016), quando tivemos 43 candidatos para as 20 vagas oferecidas – sendo 25 candidatos aprovados. Foram, finalmente, classificados 17 brasileiros (cinco da Bahia e 12 de outros estados do Brasil) e três estrangeiros – um boliviano, uma colombiana e um cubano.
  1. Na verdade, por conta de um imenso esforço de divulgação comandado pela coordenação e pelo colegiado, do lançamento de um novo e dinâmico site - reformulado mais uma vez em 2017 (conferir em https://cecre.ufba.br), da perspectiva da distribuição de um número significativo de bolsas de estudos, a seleção para a quarta turma de 2016-1 foi um grande sucesso e até agora não tivemos nenhuma evasão.
  1. Outra questão basilar, uma verdadeira batalha travada pela coordenação frente ao colegiado do curso, foi a autorização para a divulgação pública dos Trabalhos Finais desenvolvidos e defendidos pelos egressos do mestrado profissional. Na verdade, havia historicamente (remontando ao curso de especialização) graves restrições à exposição dos projetos de intervenção restaurativa elaborados pelos discentes. A justificativa era fundamentada no fato dos Trabalhos Finais serem projetos arquitetônicos ou de engenharia, que possuíam direitos autorais compartilhados pelos autores e pelo MP-CECRE – inclusive protegidos pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e/ou pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA). Sua divulgação os colocaria a mercê de plágio, ampliariam as possibilidades do usufruto indevido dos produtos técnicos desenvolvidos através do grande esforço despendido pelos discentes – assessorados pelos professores na elaboração do cadastro, diagnóstico e do projeto de intervenção do monumento ou núcleo urbano escolhido. O acesso aos trabalhos finais do curso ficava restrito à visita acompanhada à biblioteca do CEAB – nem sequer os trabalhos completos constavam na biblioteca central da UFBA (só a parte escrita, sem nenhum desenho técnico). Em um debate de mais de dois anos, a coordenação convenceu o colegiado que não era lícito a não divulgação dos trabalhos de um curso Stricto Sensu, e que a sua exposição ao público era, na verdade, a melhor forma de protegê-los de plágio. Assim, a partir de finais de 2016, e com grande apoio dos egressos, todos os 23 trabalhos de ex-alunos do MP-CECRE foram disponibilizados ao público através do novo site. Acessando links que levam ao Repositório Institucional da UFBA, abre-se diretamente a ficha do trabalho e a opção de download da sua versão completa em PDF. Pela primeira vez o público em geral – inclusive os interessados em tentar a seleção do MP-CECRE – puderam ter uma noção da grande complexidade que envolve o Trabalho Final desenvolvido no curso: proposta de intervenção que conta com parte textual (o memorial descritivo com a formulação teórica que ampara a intervenção), fichas de fotografias para auxiliar o cadastro e o diagnóstico do monumento ou núcleo histórico, e os desenhos técnicos relativos ao cadastro, ao diagnóstico tecnológico e ao projeto de intervenção restaurativa. Conferir em: https://cecre.ufba.br/trabalhos-finais-arquivos.
  1. Outra grande conquista, talvez a mais importante, foi a reformulação completa da grade curricular – outra batalha que se estendeu em inúmeros debates e discussões por cerca de dois anos. A reformulação aconteceu em prol do aumento do tempo de duração do curso (de 18 meses para 24 meses) e da reestruturação completa da oferta de disciplinas e da estrutura pedagógica do curso, para dar mais ênfase à formação prática dos alunos. Para se ter uma ideia, o número de disciplinas teóricas obrigatórias diminuiu de 12 para 4 e a carga horária das atividades práticas praticamente dobrou. A nova estrutura do curso será detalhada mais adiante, mas vale dizer que foi aprovada pelo Conselho Acadêmico de Ensino da UFBA (sem restrições) no ano de 2015 e já está em vigor, com absoluto sucesso, para a quarta turma do MP-CECRE.  
  1. No que se refere ao corpo docente altamente qualificado, ele é constituído por professores com vasta experiência na produção acadêmica na área da conservação e restauração de monumentos e núcleos históricos. A grande maioria está locada na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAUFBA) – e grande parte credenciada no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU UFBA). Muitos destes professores também atuam diretamente no ofício prático da conservação e restauração arquitetônica, como seria desejável para um curso que tem suas bases na formação de profissionais capacitados para responder às demandas das instituições públicas e empresas privadas que atuam na área de preservação de bens culturais – com base teórica, crítica e de conhecimento empírico. Neste sentido, também contamos, como já foi dito, com inúmeros professores visitantes de outros estados e países que – juntamente com os permanentes e colaboradores da UFBA – apoiam o curso. Geralmente são profissionais ligados ao ofício prático da salvaguarda do patrimônio cultural: atuam na elaboração de projetos de conservação, restauração, revitalização, reciclagem; são responsáveis técnicos pelas obras de implantação dos projetos de preservação, consolidação, restauro do patrimônio edificado e urbano em seus estados e países; atuam como gestores de grandes planos de recuperação do patrimônio arquitetônico e urbano; são consultores nas diversas áreas que afetam a salvaguarda do acervo edificado; prestam serviços como cientistas vinculados à tecnologia do restauro; são editores de algumas das mais importantes revistas científicas a tratar da questão da salvaguarda do patrimônio edificado e urbano; são professores titulares das cadeiras de conservação e restauro nas universidades em que atuam em seus países de origem.
  1. Para isso, é preciso dizer que no ano de 2013 contamos com uma grande restruturação do corpo docente através de um complexo, polêmico e difícil processo de recredenciamento. De fato, até então o corpo docente do MP-CECRE se confundia com o do PPGAU UFBA, em função de um entendimento duvidoso sobre a estruturação do mestrado profissional: se o curso fazia parte do PPGAU, seus docentes deveriam se confundir.

 

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